terça-feira, 6 de outubro de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Urbanismo arquitectura paisagística



Texto de Antonio Angelillo, 2000

Emergente a nível internacional pelo projecto do parque da EXPO'98 de Lisboa, o atelier português PROAP (estudos e projectos de arquitectura paisagista), a quase quinze anos da sua fundação, representa hoje em dia uma válida realidade no contexto do projecto de paisagem na Europa. É inquestionável, de facto, que a experiência relativa à realização do Parque da EXPO'98, pela sua dimensão e pela relevância que este assumia, tenha contribuido para a notoriedade do atelier, mas representou, igualmente, um momento determinante para a definição da metodologia de abordagem projectual e para a organização da jovem estrutura profissional. Estrutura multidisciplinar, composta por cerca de trinta colaboradores, consultores e parceiros, que vê como referência cultural a personalidade de João Nunes, um dos sócios fundadores. O desenho do parque de noventa hectares, que se desenvolve por alguns quilómetros 'importantes' ao longo do rio Tejo, entre a EXPO e a nova ponte Vasco da Gama, contou, durante a fase de concurso, com a presença de numerosos consultores de ambiente (trata-se de facto de um projecto de requalificação ambiental de uma anterior zona industrial) mas também de projectistas de relevância internacional, entre os quais o californiano George Hargreaves.

Importa sublinhar que a criação e crescimento do atelier PROAP são coincidentes com a emergência e o desenvolvimento de uma consciência ambiental que, a partir dos anos '80, se difundiu na Europa e no mundo ocidental, em geral, o que exigiu uma maior atenção por parte dos políticos, dos organismos internacionais (ONU, União Europeia, Unesco) e das administrações locais relativamente aos temas ambientais, traduzida na estruturação de programas de salvaguarda e de intervenção projectual no território. A particularidade do território europeu consiste na forma do seu espaço antrópico cuja estrutura segue linhas e modalidades apropriativas provenientes de séculos de ocupação agrícola e urbana, um património cultural a tutelar e valorizar, uma vez que, do ponto de vista estético, deu origem à história da cultura ocidental da paisagem. Com as novas exigências expressas do desenvolvimento da sociedade europeia que tende a conjugar crescimento económico (desenvolvimento de áreas industriais e residenciais e respectivas infraestruturas) e qualidade do ambiente (tutela das culturas locais, requalificação de áreas ambientais desactivadas), não se deu uma resposta formativo-profissional sistemática que tenha enfrentado adequadamente a 'questão' do projecto da paisagem. Muitas são as disciplinas que, a vários títulos, se ocupam do território mas, no que respeita ao projecto da paisagem, ele vem sendo tratado somente em poucos cursos superiores na Europa e normalmente com uma abordagem decisivamente tradicionalista e não como uma cultura projectual ligada ao espaço contemporâneo. A crescente procura de técnicos do novo sector deu lugar a um vasto fenómeno de requalificação no campo da Arquitectura, profissão que viu especificamente a ocasião para ampliar os limites do seu próprio território, entrando em conflito perene com a tradicional formação cultural maioritariamente ligada à construção urbanística do território.

Tal como outros ateliers de paisagismo na Europa, a particularidade do atelier PROAP (e a novidade relativamente às tradicionais estruturas profissionais) consiste propriamente na composição dos seus quadros: predominantemente compostos por pessoaos provenientes dos cursos de licenciatura em Arquitectura Paisagista. Em Portugal a tradição paisagística tem origens remotas mas a fundação da primeira licenciatura em Aquitectura Paisagista data da metade do século passado quando, no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, é criado um curso que deveria responder sobretudo às exigências de manutenção produtiva do território mais do que a instâncias estéticas. De facto, o território português é, na sua maior parte, coberto por tramas de delicadas estruturas agrícolas resultantes de condições orográficas e hidrográficas particulares com as quais estabelecem uma forte relação paisagística: pensamos nos terraços de vinha no Douro e no Minho, onde se produz o Vinho do Porto e o Vinho Verde, ou nas represas que, desde a época romana, garantem a irrigação da agricultura no Alentejo, no sistema de quintas históricas que marca todo o país. Da faculdade de Lisboa e, posteriormente, de Évora, formaram-se gerações de paisagistas que, na administração pública, intervieram na prática normal de gestão e controlo do território, de acordo com um perfil multidisciplinar (topografia, geologia, ecologia, ciências naturais, botânica, urbanismo) mas com uma perspectiva claramente projectual.

Com efeito, o conturbado desenvolvimento económico (e urbanístico) que a partir do final dos anos '80 se verificou em Portugal viu acentuar-se o conflito entre a tutela dos bens culturais e paisagísticos (resultado sobretudo de uma história agrícola produtiva em progressiva fase de abandono) e o lançamento da modernidade (com os seus centros comerciais e as suas infraestruturas) pondo a cultura projectual portuguesa, notoriamente 'ambientalista' ante litteram (são reconhecidas no estrangeiro obras que consideravam o contexto ambiental como determinante para o projecto) pegado "defronte" a um dilema (conservação / inovação). Ao crescente consumo de território era necessário fornecer uma resposta qualitativa adequada através da gestão da complexidade dos projectos urbanos que modificaram a percepção das cidades portuguesas e, simultaneamente, modificaram o sentido do território rural. Importantes ateliers portugueses de Arquitectura, que tradicionalmente se ocupam de projectos de grande escala, abriram progressivamente relacionamentos profícuos com colegas paisagistas. O atelier PROAP tornou-se interlocutor privilegiado de diversos ateliers internacionais importantes, entre os quais o de Gonçalo Byrne com o qual desenvolve um papel de consultadoria.

Neste contexto, o êxito do projecto ao longo do Tejo, numa ocasião tão relevante como a organização da última exposição do milénio, teve um papel exemplificativo: pela compreensão dos factores ambientais que careciam de resposta, pelo valor urbanístico no seio de um processo de requalificação de grande amplitude, pela identidade de um espaço público integrado numa cultura estética contemporânea.

Estes factores distinguem o projecto Nunes / Hargreaves das restantes propostas apresentadas ao concurso de 1994 e, em geral, de uma perspectiva tradicionalista do desenho da paisagem, dominante na cena profissional portuguesa tal como no resto da Europa.

A recolocação das atenções na qualidade urbana, na sua complexidade, é seguramente uma conquista para as políticas urbanas das cidades europeias e a Arquitectura foi capaz de oferecer respostas adequadas em termos de teorias, pesquisas, modelos e realizações para a reconfiguração de espaços urbanos (basta citar os casos de Barcelona, Berlim, Paris). Todavia, ainda pouco se fez no que respeita aos espaços intermédios (não suficientemente urbanos e já não rurais) cuja identidade é frequentemente confiada à tradução de modelos tradicionais (o jardim público com canteiros) ou a uma desactualizada (mas adequada à actual cultura de massas) recuperação do vernáculo rural.

Nestes espaços privados de identidade, resíduos da deflagração da cidade difusa (fenómeno que actualmente diz respeito a toda a Europa) é necessário agir com uma visão desencantada que aceita as condições do lugar e que, apesar do seu carácter híbrido, lhe traga os elementos que assinalarão a sua transformação. Para João Nunes, a leitura do lugar segue um processo preciso e determinado na leitura das regras (dos acontecimentos geológicos e da cultura material) que definiram os códigos da estética de uma paisagem. Uma vez que o projecto paisagístico e a sua realização representam um acontecimento ulterior sobre o território (desta vez esteticamente intencional) é evidente que tal processo exige uma profunda capacidade de síntese entre a metodologia de análise (dos aspectos morfológicos) e a tensão projectual inevitavelmente ligada à instabilidade do conceito de público na sociedade contemporânea. Um conceito em contínua evolução. O exercício de compreensão e de restituição da identidade do lugar é, portanto, simultaneamente um facto cultural e artístico uma vez que exige uma certa sensibilidade estética na compreensão dos fenómenos que definiram e que definirão (depois do projecto) o seu carácter. Esta inquietude que as obras de João Nunes transmitem aproximam-o das outras sensibilidades artísticas (pintores, fotógrafos) que se ocupam da procura da identidade dos lugares e representa o contributo que o atelier PROAP oferece ao debate internacional da Arquitectura sobre a paisagem contemporânea europeia.

http://www.youtube.com/watch?v=VK9qfVQ4Z04

urbanismo

nao sei do que se trata

terça-feira, 28 de julho de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A solidao mata



E era...... a mim nao me matas.

Pois estou sempre a andar, ha muito para fazer e muito para aprender.

È sempre a viver.....

BORA LÁ....... :-D